Bem-vindo, este blog é um espaço para os alunos do Colégio Alpha de Quatá publicarem suas redações, sob a supervisão dos professores de Língua Portuguesa.

domingo, 5 de junho de 2011

Para que tudo isso?


Estávamos na fronteira da Alemanha com a França, sobrevivíamos em péssimas condições. Era uma trincheira com muitos mortos, alguns eram nossos amigos, o odor era horrível, tínhamos fome e frio. Para piorar não podíamos nos levantar, senão éramos mortos por soldados alemães. Por isso, tínhamos dores musculares. Por causa das bombas de gases, usávamos máscaras que nos incomodavam muito e, mesmo assim, éramos infectados.
     Aos poucos seguíamos em frente cavando e atirando todos os dias. Algumas vezes chegaram reforços que traziam munição e mantimentos. Éramos médicos brasileiros, soldados e médicos estadunidenses e soldados e médicos de uma parte da Europa. Eu vinha da França mesmo e deixava em minha cidade uma mulher e dois filhos para criar. Olhando a foto de nós quatro juntos, lutava para sobreviver, na esperança de ter uma vida normal e de novo reencontrar a minha família.
     Já havia três anos que estava ali naquele campo de batalha, fazendo de tudo para sobreviver, perdendo muitos colegas e amigos, que eram como irmãos para mim, ficando cada vez mais sem esperança. Mas eu olhava aquela foto e conseguia arranjar forças que jamais imaginaria ter.
     Pensávamos que estava tudo muito ruim, impossível de piorar, até que um dia a tropa alemã avançou pela noite, atacando-nos. Perdi quase todos os meus amigos. Os únicos sobreviventes foram aqueles que priorizaram sua vida e família em vez de seu país.
     Foi um massacre terrível, vi muitos de meus amigos caírem baleados, dando seus últimos tiros e gritos. Gritavam o nome de suas mulheres e filhos. Eu tomei um tiro na perna e caí. Fingi que estava morto e segurei-me para não gemer de dor, para que eles não percebessem. Assim foi por algumas horas até que eles recuaram.
     Depois deste trágico confronto, eu e os poucos sobreviventes juramos a nós mesmos nunca mais participar de uma guerra. Não sei o fim que teve os que permaneceram lá, mas eu não me arrependo de nada.
     Você pode me achar um covarde, mas coloquei minha família em primeiro lugar e fiz o que achei mais correto. Tenho certeza de que, se você estivesse em meu lugar, faria o mesmo. Por isso, não desejo a guerra para ninguém.

Autor: Iago Raphael Valejo

Um comentário: