Tudo começa com a criança na rua, depois vira um ciclo, pois esta formará sua família e sua estrutura familiar na rua. Mas de onde veio essa criança? Por que ela está ali? Quais suas intenções? Essas são as perguntas que ficam na cabeça das pessoas e que são travas para tentarem mudar algo na vida de cada ser abandonado, ou machucado, ou explorado. Tudo fica mais fácil quando ignoramos, deixamos para trás, olhamos para nossas vidas, estruturadas e felizes, e aquela criança na rua, que é o futuro da sociedade, aquela família desamparada, vira apenas mais uma cena banal na rotina de cada um.
O governo, principalmente dos países subdesenvolvidos, oferece pouca estrutura para essas famílias. O recém-nascido que cresce vendo a realidade das ruas raramente terá a perspectiva de estudar, crescer e mudar, por meio da educação, a sua vida, principalmente, porque cada criança está ali por um motivo, dentre eles, o tráfico ilegal de menores, as drogas, o abandono etc. Tudo que esse menor consegue sonhar é com um dia ter um trapo feito de lã para dormir e não precisar mais repousar coberto com um papelão, dividindo-o com ratos e baratas.
Em 2006, a Revista “Mundo e Visão” publicou uma entrevista com um morador de rua que dizia que o maior desejo deles era conseguir um trabalho digno, mas eram impedidos pelo preconceito das pessoas e a falta de documentos.
A abertura de ONGs e a participação da pequena parcela da população preocupada com elas deixam um ar de esperança nessas pessoas que não conseguem encontrar um alicerce para se erguerem, ou reerguerem. Abaixo-assinados em relação a isso existem, mas são poucos, pois a minoria toma iniciativa de colaborar. Consequentemente, fica mais fácil para o poder público esquecer que esses seres humanos existem e precisam de um apoio bem maior do que lhes é oferecido.
Julgar ou ignorar uma situação tão delicada quanto à vida nas ruas não é o melhor caminho. Apoio, ajuda psicológica, palestras podem ser promovidos por qualquer grupo de pessoas que pensa em ajudar seu próximo. Oferecer comida ou moedas é uma ajuda momentânea, que não vai acabar com as marcas que foram deixadas em cada ser humano abandonado, cicatrizes intensificadas pelo tempo e pelo descaso.
Autora: Sônia Maria Mattiuzzi de Jesus
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